A renda per capita mensal no Complexo do Alemão é de R$ 176,90; 30% dos seus 100 mil moradores vivem como miseráveis com R$ 145 mensais; todos os indicadores apontam a inexistência de políticas públicas como a maior responsável pela deterioração da vida dos pobres no Rio. Implantar UPPs nas duas favelas ocupadas pelo Exército custará R$ 2 milhões. A folha salarial mensal será de R$ 4 milhões. O Rio tem 1.020 favelas; 13 UPPs foram implantadas até agora. O Estado brasileiro economizou R$ 9,7 bilhões em outubro para pagar os juros da dívida pública; nos últimos 12 meses, R$ 99,1 bilhões foram destinados a esse fim, o equivalente a 2,85% do PIB. O coro midiático-ortodoxo acha pouco. Pressiona o governo Dilma a acionar a tesoura fiscal já no início do mandato. A ver. (Carta Maior, com informações Valor, Estadão, Folha- 30/11)
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Valor 01-12
O volume de armamento e drogas mostra a capacidade financeira dos traficantes. Sua redução, porém, poderá causar um impacto no comércio e na economia das favelas, pelo menos, no início. O ex-prefeito Cesar Maia relatou, em sua newsletter, que, em 2001, foi conversar com os moradores do Jacarezinho, que havia sido ocupada pela polícia. "As pessoas, comerciantes, famílias e trabalhadores, relacionavam a ocupação a uma crise de emprego, de salários e no comércio na comunidade. A razão era que, com o fechamento das 'bocas', a circulação de dinheiro havia diminuído muito, afetando o comércio e o emprego."
O mesmo fato deve ocorrer agora nas comunidades ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Na semana passada, durante o Fórum realizado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) para discutir o futuro das UPPs, uma mãe se levantou e relatou que seu filho estava desempregado e o governo ainda não tinha aparecido para oferecer emprego ou educação aos moradores. "Claro que nenhuma mãe gosta de ver o filho envolvido com o tráfico, mas também não quer vê-lo sem dinheiro para sustentar a família", diz Maia.
A Prefeitura anunciou ontem o projeto Rio Ecosol, que vai fazer um levantamento das práticas econômicas no Complexo do Alemão, no Complexo de Manguinhos, na Cidade de Deus e no Dona Marta, promover oficinas de formação em economia solidária e comércio justo, e implantar o primeiro banco comunitário carioca, com sistema de crédito e moeda social.
Apesar do problema inicial, o coordenador do Ibase, Itamar Silva, morador do morro Dona Marta, a primeira comunidade ocupada pela UPP, acredita que o comércio local consegue se reinventar em longo prazo. "É fato que este baque inicial ocorre. Mas eu não vi nenhum comércio fechar no Dona Marta", afirma. Um exemplo dado por Itamar é o comércio em volta da quadra, que antes vivia dos bailes funks. Agora se recupera com as rodas de samba e eventos que acontecem no local, que atualmente também atraem mais moradores do asfalto. "Eu não posso afirmar que têm a mesma renda, mas não quebraram."
Para Itamar, cada favela acha o seu caminho. Ele cita o Morro do Chapéu Mangueira, no Leme, Zona Sul do Rio, que agora virou ponto turístico de restaurantes. "Eu não sei as características próprias do Borel ou mesmo do Alemão, mas quem servia 'quentinha' para os traficantes, agora vai vender para os trabalhadores das obras, por exemplo. Os moradores das favelas são muito criativos."
Em outubro, o Estado criou o programa UPP Social, para coordenar as diversas ações governamentais, de empresas privadas e de ONGs que estavam sendo implementadas nas comunidades ocupadas. Primeiro é instalado um fórum de debates entre esses setores e a comunidade para estabelecer prioridades. Depois são implantados programas. Hoje, no Dona Marta, já há convênios com o Senai e o Sebrae para oferecer cursos, com o Sindicato de Bares e Hotéis (Sind-Rio) para empregos e com o Investe Rio para oferecer crédito barato, entre outros. Das 13 comunidades ocupadas, a UPP Social está em três delas e chegará ao Morro dos Macacos, na Zona Norte, hoje.
Para se ver livre de toda droga apreendida nas operações na Vila Cruzeiro e no Alemão, cerca de 40 toneladas só de maconha, suficientes para carregar uma carreta de grande porte, além de cocaína, crack e outras drogas serão incineradas nas instalações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), hoje, como rotineiramente já vem sendo feito pela polícia do Rio.
A CSN está localizada em Volta Redonda, a 134 quilômetro do Rio. Técnicos da siderúrgica já estavam de plantão para tomar as providências necessárias. Rotineiramente, as drogas são incineradas sem publicidade.
As drogas não são queimadas diretamente no alto-forno da siderúrgica, e sim no vagão que leva o aço líquido despejado produzido no alto-forno para a aciaria, conhecido como carro-torpedo. A droga é colocada no carro-torpedo e sobre ela é despejado o aço a mais de mil graus centígrados de temperatura. Normalmente o vagão entra na aciaria em processo contínuo e a droga desaparece.
A primeira queima de drogas na CSN foi feita em junho 2004. Foram incineradas 75 toneladas de maconha no sistema de produção do alto-forno 2 em comemoração ao Dia Mundial de Combate às Drogas. Foi montado, na ocasião, um grande evento que contou com a presença do então ministro da Justiça Marcio Thomas Bastos
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