quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Para reviver a minha paz esquecida

Uma saudação espiritual muito usada entre yogues é “Om Shanti”. Om é o som que nos remete ao eu, e shanti quer dizer paz ou silêncio. Quando os praticantes de yoga se saúdam dessa forma, eles se relembram mutuamente de sua natureza interior serena, pacífica e silenciosa. Antes de dizer bom dia ou boa noite, eles dizem om shanti. Paz interior é a base para um dia feliz. A paz é também conhecida como a virtude-mãe. Dela se originam todas as qualidades.

Ninguém deseja algo que não experimentou antes. Queremos reviver a paz nos nossos relacionamentos, ações, no trabalho, mas o método de procura não tem sido eficaz. Fazemos contratos de paz para tentar assegurar não-violência entre as nações, compomos músicas, fazemos bandeiras, projetos etc. e permanecemos sem ela. Qual o impacto de um discurso sobre paz se no tom da voz, nas palavras, no olhar expressamos o contrário? Qual sentido de hastear uma bandeira de paz com sentimentos de aversão? Esse tipo de ação dualizada mostra que chegou a hora de nos voltarmos para dentro para pacificar o mundo interno, desativarmos as bombas da mente e pararmos de produzir novas. Uma vez assinado o contrato de paz interna, a paz exterior será uma conseqüência natural. Não precisaremos mais de leis, contratos, mas ela será um canto natural surgindo dos corações dos seres humanos.

Paz dentro de nós

Muito mais do que ausência de conflito ou guerra, a paz é uma experiência interior, fonte de energia positiva completa e enriquecedora.

Há a história de uma rainha que perdeu seu colar e ordena a todos no reino para que o procurem, mas ninguém o encontra. Quando ela olha com mais atenção para si, o colar está no seu pescoço. A paz é algo que nos pertence, mas por não estarmos olhando para nós mesmos de maneira apropriada, saímos para buscar fora o que está dentro. Pedimos aos outros para nos devolverem nossa paz, mas não foram eles que roubaram, fomos nós mesmos que nos distanciamos de uma vida interiorizada e assim perdemos acesso a ela. Distraímo-nos com o mundo exterior e esquecemos de nossa existência interior. Se olharmos para dentro, veremos a jóia da paz que está ali esperando por nós para ser usada.

As pessoas se queixam muito da falta de tempo. Será que esse tempo é físico? Vejamos duas pessoas conversando. Mesmo que ambas tenham dado tempo para aquela conversa, na hora em que uma fala, a outra não houve, não escuta com atenção, e vice-versa. As duas estão tão ocupadas e perdidas nas suas próprias idéias que não há espaço livre nas suas mentes para aceitar ou buscar entender as idéias do outro. E assim não há comunhão, não há encontro. Paz também é essencial para que haja proximidade entre as pessoas. Assim como não ouvimos o outro, não ouvimos a nós mesmos. Falta-nos uma conversa gentil e sistemática com nosso eu interior. Dar um tempo na nossa agenda para conversar consigo é uma providência imprescindível se desejamos ser serenos e ter prazer nas nossas vidas.

Uma mente pacífica cria um mundo de paz

O melhor descanso para a mente é o silêncio. Aprenda a silenciar a mente e preenchê-la de energia com pensamentos positivos e será fácil agir de forma pacífica no seu cotidiano.

Observamos o mundo através do filtro da consciência. Se buscamos ver o mal no outro, é isso que encontraremos, é nisso que pensaremos e assim alimentaremos o que é ruim. Pensamentos negativos têm a particularidade de acelerar a mente podendo colocá-la numa progressão de negatividades incontrolável, gerando muitos conflitos nos relacionamentos. Pensamentos positivos acalmam, estabilizam e trazem clareza, propiciando uma forma de agir pacífica e consciente. Diante de uma cena de calamidade, por exemplo, podemos ver somente a dor e a tristeza daquele acontecimento, ou optar por ver as ações positivas de solidariedade daqueles que ajudaram, ou pensar nas possíveis ações de auxílio que poderiam ser feitas. Uma mudança de consciência ou “mídia interior” cria uma mudança na “mídia exterior” - nas palavras que falamos e ações que fazemos no mundo. Se nossa visão é muito deficiente, não acreditamos na possibilidade de criarmos um mundo diferente a partir de nós mesmos.

Há um slogan que diz : “Quando nós mudamos, o mundo muda.”

Experimentando paz

Pode-se fazer essa experiência colocando uma música suave no ambiente ou simplesmente em silêncio.

De uma forma muito simples, volte-se para dentro, procure recolher-se num espaço interior de muito conforto e segurança - sem pressa, respire fundo... deixe o corpo totalmente relaxado... por alguns instantes esqueça de sua forma física, ela carrega em si todas as preocupações.

Visualize-se como um ponto de luz muito pequenino e sutil. Sinta-se somente luz. Desconecte-se da matéria e do movimento à sua volta.

Em seguida veja na sua frente um sol espiritual. Um ser de luz exatamente igual a você na sua forma. Este ser é supremamente puro, doce, bondoso, amoroso e pacífico. Relacione-se com ele através de seus pensamentos... sinta-o como seu Deus pessoal, um ser muito íntimo e próximo a você, mas que, por alguma razão, você não o encontrava há muito tempo. Fique quieto e silencioso na frente dele e receba seus raios de positividade. Deixe que suas qualidades internas sejam ativadas por ele. Sinta sua energia interior se recompor completamente.

Sinta-se feliz, despreocupado, pleno e confiante no melhor e no bem de todas as pessoas e acontecimentos. Segure essa experiência o quanto puder. Não tenha pressa ... Quando se sentir recomposto e em paz, retorne da reflexão.

Sempre que você sentir que suas qualidades estão precisando de força, pratique esse exercício e você se sentirá muito bem. OM SHANTI.


Márcia Medeiros,
jornalista, coordenadora da ONG Brahma Kumaris, Porto Alegre, RS.
Endereço eletrônico: bkmarcia@terra.com.br
Site: www.bkumaris.org.br

Artigo publicado no jornal Mundo Jovem, edição nº 361, outubro de 2005, página

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